“Uma mente que se abre a uma nova idéia
jamais retorna ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
O processo de aprendizagem de qualquer ramo do conhecimento deve ser isento de idéias preconcebidas, dogmas, crenças sem lógica e vícios do comportamento humano. Um estudo sério deve-se embasar em uma análise criteriosa dos fenômenos e fatos que o envolvem.
Quando nos deparamos com algum questionamento no movimento, encabeçado pelos que se denominam espíritas e simpatizantes, percebem-se afirmações que demonstram uma quase ou total morte da evolução do pensamento filosófico, científico e religioso. Podem-se enumerar diversos exemplos, mas apreciamos um.
“Deus é imutável?” Têm-se, então algumas recorrentes respostas:
“- Deus é imutável,porque está dito no livro dos espíritos.”
“- Deus é imutável, porque se não fosse estaríamos indo contra Kardec.”
“-Deus é imutável, pois nas obras de André Luiz e Emmanuel está claramente respondido essa pergunta.”
“-Deus é imutável, deveras quem ditou as respostas são espíritos superiores e nós não temos evolução para compreendermos, já que somos orgulhosos e imperfeitos.”
“-Deus é imutável, de fato eu vi em uma palestra do Divaldo Franco, e, além disso, quem somos nós pra discutirmos com espíritos do nível dele.”
Devemos respeitar os indivíduos que assim procedem, pois para os mesmos isso encerra a questão, e assim vivem, muitas das vezes, mais realizados do que nós. O que não procede é circunscrever a doutrina espírita a inocentes questões de observância superficial e fazer de suas posições pessoais verdades intocáveis. Cercear o conhecimento é um ato lastimável.
Nota-se, nessas assertivas, que esse pensamento evidenciado nas respostas, limita e reduz à doutrina espírita a mera crença pueril, não merecendo a atenção dos homens de caráter impar que promovem o crescimento de nossa sociedade. Sendo assim, aproxima-a do catolicismo em períodos definidos como medievais: Deus é inquestionável; qualquer pensamento, que causasse dúvidas, em relação às sagradas escrituras, feito pelo autor de tais elucubrações seria certamente julgado pelos eclesiásticos.
No caso acima, versado para tempos modernos, as escrituras sagradas seriam as obras básicas de Allan Kardec; a fogueira seria o retalhamento e exclusão das mentes questionadoras que prezam pelo crescimento, e por fim os pontífices seriam os de posição aparente de destaque,supostos intermediários pelos quais os espíritos falam com os homens.
Vê-se assim, que muitos têm feito da doutrina espírita mais uma das religiões dogmáticas que criaram cargos especiais, e de pouco em pouco vão sendo ocupados pelos eleitos, revivendo a velha chaga que distanciou o cristianismo do cristo. Assim, colocaram Kardec na figura do papa - o que representa as verdades vindas dos espíritos puros -, os cargos de anjos de Deus ficaram para Emmanuel, André Luiz, Bezerra de Menezes, entre outros; e o emblema do servo sofredor dado a Jesus, que viveu do nosso lado, ficou com Chico Xavier e para os apóstolos escolheram Divaldo franco, Raul Teixeira, além do novo “canonizado”: senhor Honório Abreu.
Devemos não apegar demasiadamente a argumentos de autoridade. Os grandes nomes que passaram pela terra não ficam repetindo frases e esbanjando um falso saber, antes eles analisavam as idéias que essas frases continham e as usavam como um sábio médico que administra um medicamento e sabe todos os efeitos decorrentes do seu uso. Eles são os médicos.
Acreditamos que não seria quimérico dedicarmos a estudar a doutrina espírita, como o grande discípulo de Pestalozzi iniciou o processo, pois antes das respostas dadas a seus questionamentos ele preocupava em buscar verdades. Não digo que iremos nos desapegar momentaneamente desses traços de inferioridade, mas que nos esforcemos para progredir, como Paulo de Tarso e todos os nomes citados nessas linhas, que não conclamavam o nome de Jesus sem antes demonstrar de forma prática e palpável a todos, os efeitos de seus ensinamentos nas suas próprias vidas. Com o coração e mente aberto, meditemos sobre isso.
Por Leandro Tonelli
membro da Sociedade Progressiva de Estudos Espíritas